quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Feridas emocionais.




 Algumas consideração sobre um vídeo sobre superação de uma camarada sem bracos e sem pernas que está circulando pelo Face. (Bem emocionante, diga-se de passagem.)

Este vídeo é muito bacana, e admiro muito a coragem e determinação deste cara, é importante ver uma pessoa superando barreiras que aparentemente são intransponíveis,

meu grande medo é quando começam as comparações,

uma pessoas com uma deficiência física qualquer que seja, necessita de uma saúde emocional muito grande para lidar com isso, tenho certeza que o camarada do vídeo teve momentos de profunda tristeza, mas teve maturidade emocional para ir enfrente, tenho certeza que teve apoio de pessoas importantes em sua vida, para poder construir o caráter e a força para vencer,

"uma pessoa que tem os braços e pernas não tem esta coragem"

de fato existem pessoas com o corpo intacto, mas que carregam feridas psicológicas muito profundas, que vivem em sofrimento psicológico, carregam traumas emocionais oriundos do abandono parental,

não penso que isto deva ser usado para que estas pessoas fiquem se lamentando, que não devam se tratar, mas que um "machucado emocional", possa ser tão profundo como um físico, que uma pessoa depressiva ou com outra enfermidade da alma, talvez seja mais aleijada que uma pessoa que não tem braços e pernas, e que passar por estas comparações, pode doer muito.

Só como exemplo, soldados canadenses que participaram da Guerra do Golfo, e sofrem de estresse pós traumático, estão conseguindo que o governo os recolhença como feridos de guerra, e possam receber o tratamento adequado como ferido. Só para refletir, soldados com estresse pós traumático até a Segunda Grande Guerra, eram fuzilados como desertores e covardes.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Verosimilhança






Existem pessoas que tem uma habilidade ímpar, com o domínio dos chavões e jargões profissionais ou de um grupo, uma boa pesquisa, e emularão quem quiserem, em especial nos círculos artísticos e intelectuais.

Para distinguir entre um emulador e um autentico, é extremamente simples, o emulador parecerá muito mais verdadeiro que o de verdade.

Pessoas de fato reais e autenticas, não tem verosimilhança.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Fazendo pamonha.






Aconteceu algo muito pitoresco comigo esta manhã. Estava assistindo uma série de documentários na TV Câmera, de título Brasilidades, sempre tem algo muito interessante, com uma olhar interno da verdadeira riqueza de nosso país, sua cultura.

Pois bem, estava eu vendo o documentário sobre a pamonha, sua origem, os usos populares do milho, entre outras coisas a reportagem foi a um sítio onde uma família confeccionava artesanalmente a iguaria.

Mostraram todos os passos, do milho recolhido na roça, o corte cuidadoso da palha, a limpeza minuciosa de todos os cabelos da espiga, os raladores toscos, o preparo da massa com gordura de porco, o enchimento da palha e sua amarração, o cozimento em um grande tacho no fogão de lenha improvisado, tudo em seus mínimos detalhes, intermeados com a prosa brejeira daquela família,

quando vi eu estava chorando copiosamente, lembrando de minha avozinha orquestrando a família nos mesmíssimos gestos que via na tela, de repente eu era uma menino sassaricando no entre os adultos, jogando lenha no fogo, atrapalhando mais que ajudando, ansioso pela minha parte na hora de comer,

bateu uma bruta de uma saudades destas coisas, feliz em saber que em algum cantinho do Brasil esta tradição ainda está viva, além de aqui dentro de nós;

.

( esta imagem está sem autoria no blog http://cozinhanut.blogspot.com.br/, emprestei )

sábado, 21 de junho de 2014

Suicídio










suicídio

1

nadando em águas plácidas
do Oceano Pacífico
e eflúvios radioativos de Fukushima
tubarões desenvolvem câncer
o que contraria em absoluto
suas naturezas
por certo
resultados da grande
engenharia de se edificar
usinas nucleares
em região de terremotos

2

massacre de orangotangos
nas selvas da Indonésia e Bornéu
motosserras põe abaixo
florestas ancestrais
substituídas por frondosas palmeiras alienígenas
para que os hambúrgueres
das lanchonetes da grife MC Donalds
utilizem óleo de palma natural
carótidas e corações preservados
em sangue animal
mens insana in corpore sano

3

enquanto líderes ecologistas
e trabalhadores rurais
são assassinados diariamente na Amazônia
sendo seus assassinos perdoados pela gentileza
de  juízes que usam mesas de mogno
e outras madeiras raras
para posar suas penas de ouro puro
madeireiras devastam em horas
centenas de acres de florestas
que levaram milhares de anos
para crescer







4

pessoas do bem
confortavelmente instaladas
em apartamentos de luxo em Nova Iorque
pressionam governos
eleitos por exploradores de hidrocarbonetos
a não assinarem
tratados de redução de carbono
as mesmas empresas
que financiam bolsas régias a cientistas renomados
que em cima de seus doutorados e prêmios Nobel
negam publicamente o desastre iminente
do aquecimento global
que aos poucos derretem
a banquisa boreal
que causarão o soerguimento dos mares
que por fim inundará
a pungente metrópole

5

gentis senhoras americanas do norte
em sua caridade extrema
fazem jornadas espirituais
arrecadando fundos
para financiar políticos evangélicos
em África
que uma vez eleitos
promovem leis que discriminam homossexuais
proíbem o aborto
e põe fim a programas educativos
e de controle de natalidade
condenando à morte pessoas por sua escolha
culpando-os indevidamente
estes pela epidemia de AIDS
no mesmo momento
em que laboratórios farmacêuticos
de mesma nacionalidade
lutam na justiça internacional
contra a quebra de patentes
dos remédios que
poderiam mitigar
a devastadora epidemia virótica
que cobre de luto
o continente africano




6

há momentos
que com tantas maravilhas
chegando aos nossos ouvidos

diante dos fantoches do capital
e incensadores da sociedade de consumo
escravos defensores de seus amos

já que marchamos para um fim tão desagradável
poderíamos todos
levarmos nossos revólveres para passear
perfilar-nos nas praças públicas de nossas cidades

e darmos logo  um tiro no ouvido



 (Poema meio prosaico escrito na injuria deste momento. Edson Bueno de Camargo)




terça-feira, 27 de maio de 2014

todos somos iguais perante a insanidade e a catarse




Há muito tempo peguei um certo entojo de futebol, odeio jogadores mascarados, perpetuando um espécie de status quo, que lembra em muito o circo romano e suas lutas de gladiadores, onde as matronas latinas se deitavam com os gladiadores mais populares e as prostitutas que os serviam ficavam mais valorizadas, todos queriam gozar coma mulher que gozou com o gladiador. Vão-se quase dois mil anos, e a coisa continua a mesma, hoje os gladiadores/jogadores não se matam, de vez em quando um mata a mulher ou a namorada, mas longe da arena. A única grande diferença é que a mídia se aperfeiçoou, cresceu em gênero e número e se tornou um estado à parte.

E que saber, quando o Brasil entra em campo esqueço tudo isso, quero minha cota de ópio, para não perecer pelo ódio. Danem-se as convenções acadêmicas e políticas, a bola rolando no gramado é a coisa mais democrática que existe, todos somos iguais perante a insanidade e a catarse.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

o tempo nos devorará a todos

 Jean-Léon_Gérôme_-_Diogenes_-_Walters_37131


"Certo dia, Diógenes de Sínope estava sentado na soleira da porta de uma casa qualquer comendo lentilhas (uma das comidas mais baratas da época) quando Arístipo de Cirene que também era filósofo, mas que, por ser adepto do prazer como único bem absoluto na vida e para levar uma vida confortável, vivia sempre bajulando o imperador, disse-lhe o seguinte:

- Ai Diógenes! Se aprendesses a ser submisso e a bajular o imperador, não terias que reduzir tua alimentação a um prato de lentilhas.
Diógenes interrompeu a refeição, levantou os olhos para o rico interlocutor, e disse:
- Ai de ti, irmão! Se aprendesses a te satisfazer com um prato de lentilhas, não terias que passar a tua vida bajulando o imperador.
Esse é o caminho de Diógenes, o caminho do auto-respeito, da defesa da dignidade acima da necessidade de aprovação. Necessitar demasiado da aprovação dos outros, do reconhecimento dos outros, pode levar a caminhos desviantes, desviantes de si mesmo. E se o preço a pagar for deixar de ser si mesmo, então o preço é demasiado caro."

Quando estou diante das contas, e do malabarismo que temos que fazer para quitá-las, penso que poderia conversas com os amigos que se encontram tão próximos ao poder para me ajudar.

Mas sábado obtive um reforço positivo para minhas atitudes, confesso que me senti muito mal junto aos que se acercam das pessoas que tem poder, dos sorrisos travados, das mãos frias e do desejo permanente de aprovação.

Farei o que puder pela Cultura de minha cidade, enfrentarei as línguas cortantes, até tomar uma ovada direcionada ao senhor prefeito como aconteceu, mas não tenho a menor intenção de abrir mão de quem sou. Um dia tudo isso não fará o menor sentido, o tempo nos devorará a todos, sem exceções.