quinta-feira, 24 de novembro de 2011

5 minutos - Significados





estrambótico: par de botas relativos à Legião Estrangeira.



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5 minutos de gambiarra

5 Minutos - O que vai beber?



rum

bloco de âmbar
em copo de vidro
sob o sol tropical


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5 minutos de gambiarra

5 minutos - Com quem?





Imaginar a Lisboa da virada do século XIX, as primeiras décadas do século XX, suas ruas seu casario.

Observaria o caminhar de Pessoa pelas ruas, sem abordá-lo.

Depois.

Talvez tomássemos um vinho, não sei. falarmos de astrologia, porque de poesia seria sacal.





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5 minutos de gambiarra

Exercício de criação 36 - walquírias e hierofantes


Este exercício foi pensado para 26 palavras com as letras do alfabeto, fiz uma pequena confusão e fiz um poema com 26 versos, todos começados pelas letras do alfabeto, posteriormente fiz o exercício da forma proposta, como gostei dos dois resultados, estão os dois publicados. 
 
 
 


walquirias xilografadas


abrir bem
cada dádiva elevada
à fome gigante
que habita o interior
dos jarros kamikazes

límpidos
mundanos
narcísicos

oprimem as palavras
que rasgam suturas

tempo ulterior ao vento
ypsilon e zênite.



Exercício de criação 36
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hierofantes


aram os campos da morte
barretes vermelhos sorriem
cruzam os dentes afiados
das adagas líquidas do tempo

entranhas da pedra
fractais de luz cristalina
gelo de sílica
hieróglifos do tempo

iniciados esperam os sinais
jactam-se os hierofantes
k é a letra oculta
latente vaticínio

mudam-se as cidades de lugar
naves belicosas fendem o horizonte
oprimem os olhos cansados
perto de rude vitória

quem poderá falar agora
ritos antigos já começaram
sinos por estranhos ritos
tinem em pesado dobrar

uma onda de corvos
viram o céu em noite

warun? pergunta o profeta distante
xistos de estrelas caem em decadência
yin e yang não encontram mais paz
zagaias riscam em aço o firmamento






Exercício de criação 36
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Gambiarra Literária

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Interrupção - Exercício de criação 35




Já era tarde da noite, os vizinhos dormiam, o Sr. Bordalos escrevia como sempre, pois considerava aquele horário ideal. Acreditava que a noite, transcorria sem interferências sonoras da rua, visitas de alunos, e muito raramente o telefone tocava, pois estavam todos dormindo, ou quando em vez, algum amigo bêbado ligava, pois sabiam que Bordalos sempre estaria acordado àquela hora.

Um copo de vinho, Mozart no mp3, e o barulho das teclas.

Bordalos tinha uma predileção por vinhos de mesa bem doces e frutados, longe de qualquer sofisticação, mas Mozart era imprescindível, sempre era possível pressentir um toque de luxúria entre as notas. Quanto mais vinho, mais luxúria.

Às três horas e 13 minutos no relógio do computador, um som estranho e estridente na porta da cozinha, a ponto de ser ouvido mesmo sob o Mozart. O que seria? Pergunta-se o escritor de novelas para senhoras.

(Nós sabemos como narrador e leitor oniscientes, que o gato da vizinha devora um ratinho no tapete onde está escrito amor em japonês, presente da mãe do Sr. Bordalos, mas ele não sabe.)

Bordalos sai de seu gabinete, atravessa sua sala até a pequena cozinha, quase uma copa na verdade, mas o suficiente para um homem solteiro e quase sempre sozinho. O som vem da porta, a luz do corredor é acesa, o som para.

Ao abrir a porta o professor Bordalos dá de cara com o gato devorando sua presa, feliz da vida, e sujando o tapete de sangue. O mestre encara o bichano, que continua seu banquete indiferente ao inquiridor. O que fazer? O velhote dá uma boa olhada, fecha a porta e volta a seus afazeres literários, largando o gato e o rato às suas sortes.

Interferência –

Versão número um:

Visão da vizinha do Sr. Bordalos (que não estava dormindo como ele imaginava).

_ Este velho está cada vez mais maluco, já não bastam estas visitas de pessoas estranhas e vestidas de modo estranho, agora deu de ficar acendendo as luzes de fora de madrugada agora. Este pessoal deve ser satanista, só se vestem com roupas pretas e a casa está cheia de plantas e com árvores no quintal.

Versão número dois.

Visão do gato, que é da vizinha, mas que considera o Sr. Bordalos seu dono, pois este lhe dá de comer sardinhas. ( A vizinha é vegetariana, e não acredita em dar carne para animais.)

_ Este velho é muito bacana, mas não sabe que é mal educado interromper a boquinha noturna de um gato.




Exercício de criação 35
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Gambiarra Literária

Exercício de criação 34 ( Gambiarra Literária )



no absurdo
do final de outro dia
o pássaro faz ninho


Poema de Nydia Bonetti,



que traduzido para o português por Edson Bueno de Camargo fica assim:




em bizarria
ao terminar mais uma claridade do sol
a ave intensa constrói sua vivenda



Exercício de criação 34
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Gambiarra Literária

A chuva, Maira ( Exercício de criação 33 )

http://imageplay.net/pt/view/m7Gbd151602/imagem




Jean acendeu um cigarro, tragou profundamente e fitou pela janela, desenhando garatujas no embaçado do vidro enquanto soltava a fumaça.

_ Esta chuva não para, às vezes tenho a impressão que nunca vai terminar _

_ Terminar o quê? Pergunta Maira saindo das páginas do livro em um certo torpor.

_ A chuva, Maira, a chuva _ fala Jean quase em falsete e se fechando em uma casca de noz.

Em silêncio Maira volta para a segurança do livro.





Exercício de criação 33

Gambiarra Literária

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ao rés do chão.



a moça de pés tímidos
uma rasteirinha
as pontas dos pés cruzados
e unhas vermelhas
se fechando em um forte

os rapaz de tênis azul
bem puído (sujo de tinta)
aponta o dedão direto para a moça

que continua fechada
para o ambiente hostil
(mas o rapaz insiste
em manter a posição dos pés)

o senhor sério
deposita a ponta do guarda chuva
que forma uma poça
em meio aos sapatos clássicos
bem molhados
(estará chovendo lá fora)

o menino inquieto
já se sentou no chão
um pé com o chinelo fugido
esquecido ao lado
outro sob seus fundilhos
(não sei se sem ou com o respectivo chinelo)

o escarpim rosa da mãe
bate preocupado
este chão cheio de germes
este moleque não me obedece
este médico não chama nunca
vou perder o cabeleireiro

observando tudo
minhas velhas sandálias
minhas unhas manchadas de iodo
e a falta de pressa de sempre

(afinal o que estou fazendo aqui mesmo?)


Exercício de criação 32 - http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2011/10/exercicio-de-criacao-32.html

Gambiarra Literária

o espelho ( Exercício de criação 31 )

Narciso (1594-1596), por Caravaggio.




não tenho vergonha do que sou
mas o espelho é um inquisidor

a nudez não me é estranha
mas o espelho sim

e toda a vez que me encaro
olho no olho
ele me devolve:
- monstro -

meus anos se revelam
em meu corpo
e o espelho os acusa

a barriga redonda
os pelos brancos
a barba branca
os pelos do peito brancos

toda a maciez do branco
todo o aveludado do branco
todo o estrago do tempo

o sexo apontado
para a gravidade do terreno
estou mais para o centro da terra
que para o cio das mulheres

o tempo é uma queda descomunal
os seios das mulheres
os cabelos dos homens

o amolecimento incurável da língua
da falta de medo
da falta de pudor
e a desmesura inevitável
das palavras




Exercício de criação 31
http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2011/09/exercicio-de-criacao-31.html

Gambiarra Literária

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Cara Gambiarra Literária e gambiarreiros.

Pratique Gambiarra Literária. O exercício faz o artífice.


Tenho repetido esta frase, que aliás, criei como mote para a divulgação do blog, e no intuito de provocar todos que se aventuram na escrita.

O blog foi criado pela Sarah Helena dentro de uma angústia que nos acometia e acomete, de que escrever é um exercício permanente e embora escrever seja uma atividade solitária, é necessário uma solidariedade estética entre os pares.

Adotei o blog imediatamente. Estes três meses têm sido de interessantes exercícios de escrita, de pensar os exercícios, garimpá-los, e principalmente realizá-los.

Acredito muito no que diz o poeta Mário Quintana, que nenhum de nós está pronto como poeta, somos eternos aprendizes. A estagnação é uma coisa perigosa, a falta de desafios desalentadora. Aquele que se considerar pronto está perigosamente a beira do congelamento estético da forma. Escrever por uma fórmula, um receituário, pode dar resultados agradáveis e palatáveis, mas pode matar a poesia.

Conclamo a todos que pratiquem os exercícios, que se desafiem, que criem o tempo necessário e não usem sua falta para não escrever.

Abraço a todos.






Exercício de criação 30
http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2011/09/exercicio-de-criacao-30.html

Manual secreto para o nada.




1 -Nascer sob os auspícios da grandiosidade.

2 - Crescer à revelia das coisas úteis e práticas.

3 - Observar cada coisa como se fosse a primeira vez.

4 - Esquecer.

5 - Repetir o terceiro item indefinidamente.

6 – Ler tudo o que lhe cair às mãos. De física quântica a boletins sobre o vôo matinal das borboletas.

7 - Acumular coisas, de fósforos queimados a botões quebrados. De flores secas a papeis de bala. De moedas velhas a moendas velhas.

8 - Acreditar na divindade da origem de tudo e não ser fiel a nenhum deus. Conversar regularmente com fantasmas.

9 – Treinar nas inutilidades da vida. Observar a lua. Ouvir o intercurso do rio com o solo e as vozes tragadas pelo tempo. Perder-se em um sorriso. Chorar todas as lágrimas. Comer com lascívia.

10 - Fazer poesia.

11 – Amar o belo. Buscar o belo. Ser o belo.

12 – Escrever poesia.

13- Fracassar na vida mesmo estando destinado à grandiosidade.





Exercício de criação 29
http://gambiarraliteraria.blogspot.com/2011/09/exercicio-de-criacao-29.html