Dilema eleitoral.
por Edson Bueno de Camargo, sexta, 16 de Março de 2012 às 14:22 ·
Pela primeira vez em minha vida não sei em quem votar e uma eleição municipal. Pela primeira vez não estou envolvido em uma campanha, não tenho uma relação pessoal e afetiva com um candidato. O PT ao menos em minha cidade, Mauá - SP, não representa uma esquerda real, não representa as minhas necessidades em relação a minha cidade. Não se distingue das outras candidaturas personalistas, populistas e casuístas. Acredito que vou seguir minhas raízes anarquistas e votar em branco ou no Psol, pela semelhança que esta partido tem do PT primitivo, que evoca meus sonhos de juventude.
Para presidente está fácil, a condução da Dilma não é a que eu queria, ou como diz a Nina Rizzi, "Dilma não é meu sonho, mas os demais são um pesadelo", e no leque de opções, é a menos pior, dentro de uma visão progressista, ela tem feito um bom trabalho.
No aspecto da Cultura todos os governos deixam a desejar, não tem quem se salve. A Cultura nunca é prioridade para os governos. Para mim existem questões sociais que não terão solução enquanto o sistema capitalista vigorar, não faço ideia de que poderá substituí-lo. Os governos são reféns, queiram ou não, das decisões dos conglomerados econômicos e financeiros.Hoje as ações de governos tendem a ser uniformes, e para mim o Brasil tem tido a independência possível das decisões.
O problema específico de Mauá, é que houve uma deformação do conceito de governo em função da manutenção do poder e de uma governabilidade débil. Virou um caldeirão de feijoada azeda, em que não consigo distinguir o que está bom e o que está podre. A Cultura é motivo de barganha política, não existem politicas culturais e tudo funciona ao sabor de relações interpessoais. As coisas acontecem aos sabor do acaso, os funcionários que trabalham são perseguidos por chefias incompetentes feridas em sua vaidade. As relações de trabalho são precárias e pior do que a do patronato.
Sou filiado ao PT desde sua fundação, não tenho vergonha disto nem receio de admiti-lo. Sofri muitas represálias e perseguições, fui processado, ameaçado, agredido, mas suportei porque acreditava em um projeto político, hoje vejo um partido que ajudei a formar e pessoas que carregamos nas costas, movidas pela simples vaidade. Pessoas aboletadas o poder como galinhas chocas no ninho. Um líder isolado da realidade por um grupo de puxa-sacos que só fazem as suas vontades e desejos. Isto para mim está longe do socialismo.
Nacionalmente ainda tenho esperanças no partido, localmente infelizmente será necessária uma derrota para expurgar os moedeiros falsos e oportunistas.