segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

o tempo nos devorará a todos

 Jean-Léon_Gérôme_-_Diogenes_-_Walters_37131


"Certo dia, Diógenes de Sínope estava sentado na soleira da porta de uma casa qualquer comendo lentilhas (uma das comidas mais baratas da época) quando Arístipo de Cirene que também era filósofo, mas que, por ser adepto do prazer como único bem absoluto na vida e para levar uma vida confortável, vivia sempre bajulando o imperador, disse-lhe o seguinte:

- Ai Diógenes! Se aprendesses a ser submisso e a bajular o imperador, não terias que reduzir tua alimentação a um prato de lentilhas.
Diógenes interrompeu a refeição, levantou os olhos para o rico interlocutor, e disse:
- Ai de ti, irmão! Se aprendesses a te satisfazer com um prato de lentilhas, não terias que passar a tua vida bajulando o imperador.
Esse é o caminho de Diógenes, o caminho do auto-respeito, da defesa da dignidade acima da necessidade de aprovação. Necessitar demasiado da aprovação dos outros, do reconhecimento dos outros, pode levar a caminhos desviantes, desviantes de si mesmo. E se o preço a pagar for deixar de ser si mesmo, então o preço é demasiado caro."

Quando estou diante das contas, e do malabarismo que temos que fazer para quitá-las, penso que poderia conversas com os amigos que se encontram tão próximos ao poder para me ajudar.

Mas sábado obtive um reforço positivo para minhas atitudes, confesso que me senti muito mal junto aos que se acercam das pessoas que tem poder, dos sorrisos travados, das mãos frias e do desejo permanente de aprovação.

Farei o que puder pela Cultura de minha cidade, enfrentarei as línguas cortantes, até tomar uma ovada direcionada ao senhor prefeito como aconteceu, mas não tenho a menor intenção de abrir mão de quem sou. Um dia tudo isso não fará o menor sentido, o tempo nos devorará a todos, sem exceções.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Bhaskara

Existem coisas que não entram em minha compreensão, sei lá, como se meu cérebro não fosse formatado para tanto.







Certa vez em uma gostosa conversa sobre filosofia na Casa da Palavra a filósofa Olgária Matos, falou uma coisa que mudou minha maneira de ver a educação, falando justamente disto, de coisas que entendemos facilmente e outras que temos mais dificuldades, quando ela falou da utilidade de se aprender a equação do segundo grau e a aplicação da fórmula de Bhaskara. Pois bem, segundo a explicação de Olgária Matos, ao aprender a solução destas equações, o cérebro cria sinapses que ficarão para sempre, e utilizamos estes caminhos já traçados para a solução de problemas intelectuais mias difíceis que se colocarão mais adiante. 

Tinha prometido a mim mesmo que não me colocaria sobre este assunto, mas vendo a grita popular contra o José Genoíno, além da profunda tristeza da maneira indigna que se fala contra uma pessoa que para mim não merece o que está passando, também me vem esta sensação de incompreensão dos fatos, só queria entender porque um cara como o Ronaldo Caiado, que defende a mortandade de nossos índios e o roubo de suas terras históricas, ou um inFeliciano vomitando barbaridades contra o estado laico e um bancada evangélica vociferando um estado fascista, não causa nenhuma comoção popular ou alarido, e o contra do Zé, que fez uma operação financeira perfeitamente legal, e com acusações que não tem nenhuma base em provas de fato, consegue angariar tanto ódio popular. Que fossem verdade as acusações, o que eu não acredito, mesmo assim, a comoção popular é desproporcional,   se comparamos a estes monstros que citei, e eles são só a ponta o iceberg.

Eu adorava matemática no fundamental e médio, quando mais difícil os problemas, mais o desafio me fazia querer resolvê-los, talvez no fundo tudo isso seja uma questão de analfabetismo funcional, que tem raízes mas profundos que podemos compreende-las.