Texto que escrevi em 2004 e que estou reciclando, por considerar ainda pertinente. Reitero ainda minha total adesão ao conceito de liberdade de expressão civil, coloco minhas preocupações diante do poderio de conglomerados econômicos dentro do capitalismo, inclusive para dispor das Leis ao seu bel prazer.
Impressa livre?
Edson Bueno de Camargo
Sou e acredito que sempre serei defensor da uma impressa livre e independente, por conseqüência, contra qualquer tipo de censura. O mesmo se aplica à produção artística e literária. Até este ponto não há muitas divergências, as afirmações são de quase absoluta unanimidade, principalmente entre os produtores culturais e assemelhados. Dificilmente veremos um intelectual defendendo atos e censura e controle da produção literária, de jornais e demais periódicos.
A questão é que vivemos nos princípios do século XXI, um dilema aparentemente sem solução. Comunicação de massas e entretenimento “cultural” se confundem, onde começa a informação e onde termina a diversão. Tudo é um grande espetáculo. Há um outro fator importante, tudo isso se tornou um grande negócio, envolvendo grandes lucros e o obvio interesse de grandes corporações, que por sua vez estão nas mãos de grandes conglomerados econômicos, que constituem um grande poder e compra e decisão, que em muitos casos supera o poder político, quer diretamente financiando as campanhas de políticos profissionais, quer indiretamente manipulando a opinião pública, apoiando ou espezinhando este ou aquele governo.
A notícia estampada na primeira página ou no horário nobre da televisão, derruba mercados e governos, nem sempre em interesses populares. Depois o desmentido ou errata, quando existem, figuram em uma nota de rodapé, no meio de um caderno qualquer. Nada conserta o estrago feito, reputações são construídas e destruídas, esquecimentos são induzidos.
Sejamos sinceros e deixemos a hipocrisia de lado, as decantadas democracias ocidentais só existem porque os ricos o querem assim, no dia que amanhecerem com uma “dor de barriga” autoritária e totalitarista, como já ocorreu no princípio do século XX, estas acabarão num estalar de dedos, e muito pouco ou nada poderá ser feito para evitar, estamos numa grande ratoeira chamada “mercado”, onde tudo tem um rótulo com um preço, inclusive a consciência coletiva, como numa ratoeira pensamos que podemos pegar o queijo, mas a armadilha desabará sobre nosso pescoço a qualquer momento.
Alguns clamarão, existem leis, existem freios jurídicos contra abusos, a constituição nos garante direitos fundamentais, Cristo dizia que é mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha e digo que conheço poucos ou nenhum rico amargando cadeia. Não estou afirmando que toda a justiça seja venal ( embora que em meu foro intimo não tenha nenhuma dúvida), mas, existem dispositivos legais infinitos para quem tem bons e os melhores advogados. A parcela que detém os meios de produção e o mercado financeiro, só apoiará o estado de direito e as leis para persistir do direito a propriedade privada, qualquer lei ou outro documento que se opor a esta lógica vai virar papel higiênico, que embora tenha um importante papel saneador, convenhamos que é um destino pouco nobre para o papel.
Temos ai portanto o paradoxo, que no momento mais democrático que o mundo tem vivido, nos de paramos com alguns questionamentos sem necessariamente, termos uma resposta satisfatória. Existe de fato uma impressa livre e isonômica em condições de poder tão desiguais? O que nos garante que a opinião pública não está sendo permanentemente manipulada? Pode um grande jornal publicar uma notícia, que vai melindrar o cliente com a gorda conta publicitária, quase a razão de ser destes órgãos de imprensa atualmente?
Aparentemente, até inocentes e inconseqüentes “talk-shows” estão contaminados com a lógica perversa do paga-fala. Lançamentos de “novos talentos”, acompanham uma intensa campanha nas rádios, onde a principal ação pode ser o pagamento de regalos aos produtores.
Existem uma outra forma de censura velada, a que não se nega a produção livre e independente, escrevam o que quiserem e como quiserem todos são livres por sua própria natureza, basta o simples fato de não se publicar o que se produz. Não vamos chamar de censura o filtro natural que se faz em relação a qualidade desta produção. Mas a história tem nos mostrado que a proximidade com o poder econômico cria certas facilidades, existem meandros misteriosos do que vai cair ou não no gosto da mídia e da multidão, mas, não podemos negar que uma boa dose de exposição facilita em muito as coisas.
Por fim temos a Internet, que por hora sustenta uma isonomia quase anárquica, de garotos de colégio a portadores de cátedras podem passar suas impressões pessoais para o mundo, mas por quanto tempo? Aqui e ali surgem idéias de controle de conteúdo. O banditismo dos “spamers” e “rachers” , sempre na lógica de ganhar dinheiro ou de “pixação virtual”, poderão acabar fornecendo o argumento que falta para por um freio a liberdade virtual. Podemos por uma pitada de “teoria da conspiração” neste caldo, quem garante que não existe uma possibilidade de controle da Internet, e que o seu aparente descontrole é só “dar corda para enforcar burro”.
Cara, seu texto é foda, concordo com tudo, pra minha tristeza, vivo brigando com o mundo por causa dessa nossa visão. Parabéns.
ResponderExcluirTenho um texto, q escrevi uns dez anos atrás, não é tão bem escrito qnto o seu, está longe de ser dos meus favoritos, mas mostra q com vinte e poucos anos e já pensava como penso hoje, como vc pensa hoje. E pensar q outro dia vc me disse ser um comunista romântico, imagine se vc fosse um pessimista assumido com eu, já tinha matado alguens. Brincadeiras a parte, colo o texto aqui abaixo. A idéia é a mesma.
TELEVINÃO
ResponderExcluirTelevisão
Caixote quadrado
Não paramos de olhar
Sentados
Deitados
Comendo
Fumando
Bebendo
Trepando
Sei lá
Essas coisas fazemos...
... Diante do caixote imagético
A maior parte das pessoas não consegue parar de olhá-lo
Estarrecidos
Babacas mongóis
Isto mesmo
Mongoloides
Esta é a palavra
Somos tratados assim
Você já assistiu a uma novela
É claro que já
É o obvio ululante
É mais ou menos assim
Um monte de gostosas
O primo do irmão do vizinho que não conhece a mãe, que na verdade é a avó, que ele pensa que é a tia.
Um estupro à dramaturgia!
Enquanto isso se consome de tudo
Desde Banco Itacú
Até revendedora de Carro
Musica é claro
Você tem de comprar as que tocam na novela
Os cds são vendidos na hora dos comerciais
Assim como cerveja
Celular
Temos de comprar
Compre batón!
Compre batón!
Compre batón!
!!!COMPRE PORRA!!!
Você tem de comprar
O pior
Novelas vendem ideias
Vendem costumes
Deseducando boa parte da sociedade
Ou seria
Condicionando
Condicionamento televisivo
É
Acho que é isso
A televisão tem como meio o fim
Dizer o que é bom
Bonito
Feio
Certo
Errado
Caro ou barato
Eee...
Outros mais
O povo está vendo televisão
Está olhando
“Pensando” e “prestando atenção”
Telejornais falando do país
Falando de economia
Enfiando siglas goela abaixo
INSS
INPS
RDB
CDB
BNDS
Fala-se do FHC que brigou com o LULA no tempo do ACM
Fala-se da alíquota do imposto pré-fixado que estava há não sei quantos por cento no mês tal
Ufa!
Essas enganações
A televisão é o maior meio de comunicação que existe
Sendo assim
Sabe seu poder
Quero dizer
Seus titulares e amigos
A classe dominante
Os donos do dinheiro
Entende
Nada é feito por acaso
Caro leitor
Por que você acha que depois de uma notícia ruim sempre vem o gol da rodada
Ou vitória da seleção
Quando a seleção não ajuda a classe dominante a nos roubar...
Tem o jamaicano Usain Bolt para ajudar
Se não o tivessem...
... Colocariam matéria sobre a decisão da copa do caralho a quatro entre Flamengo e Corinthias
O que estou tentando dizer é
Não é por acaso que a televisão funciona desse jeito
Ela é toda feita para levar a pensar da forma boa para dez por cento dos brasileiros que têm setenta e cinco por cento de toda a riqueza nacional
Para que eles continuem milionários
Os donos da situação
O povo continua adestrado com samba e futebol
É isso mesmo, DEZ POR CENTO dos brasileiros têm SETENTA E CINCO POR CENTO de toda a riqueza nacional.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPEA
Aaahhh...
Isso você não vê na televisão não é?
A televisão faz questão de ser o mais prolixa possível em seus telejornais
Difícil notar o que está acontecendo no nosso país
Economia não é tão complicada como a televisão faz parecer
É simples
Se o Brasil fosse bem administrado
Ninguém morreria de fome
Não há presidente neste país que me convença do contrário
Pode falar 879 línguas com sotaque perfeito de cada região
Pode ter estudado em Marte
Feito Pós-Graduação em Plutão
Pode falar todas as siglas que quiser
Pode tentar ludibriar, falando termos desconhecidos.
Pode falar...
... Falar...
... Falar...
A mim não convencerá
Não
Mesmo...
... Sabendo disso tudo...
... Muitas vezes...
... Insistimos em ligá-la
É preciso que nos rebelemos
Vamos quebrá-las
Jogá-las fora
Isso mesmo
Quando você chegar a casa não ligue a televisão
Leia um livro
Ouça música
Converse com seu filho
Coma sua mulher
Ou faça melhor
Vá até a mesa onde está a televisão
Pegue-a com as duas mãos
levante-a
Dirija-se até a janela
Como se nada estivesse acontecendo
Solte as duas mãos
Deixe que ela caia para fora de sua casa
Mas torça
Torça muito
Porque a policia vem ai
MORAL DA HISTÓRIA
TELEVISÃO NÃO VÃO DEIXAR JOGAR FORA
Pablo Treuffar
PS: minha filha nasceu esses dias e to mantando cachorro a grito, não tenho dinheiro pra nadam to vivendo de pão com ovo, mas mês q vem vou comprar seu novo livro, gosto do q escreves, temos uma visão do mundo parecida, mas vc escreve muito melhor do q eu.
ResponderExcluirAbço no coração.
Já deve ter visto isso mil x, mas nunca é demais
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=ObW0kYAXh-8&NR=1