sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Idades. (Gambiarra Literária 19)




Idades.

Emído – pai – 75 anos

Por muitos anos não entendi meu pai, ele me era incompreensível. A recíproca também sempre foi verdadeira. Nunca fui o filho que ele quis ter, ou gostaria de ter. Não fui campeão de nada, sempre fui péssimo esportista, ficava cada dia mais envolvido com coisas mais intelectualizadas.  Nunca trocamos palavra sequer sobre isto, mas sei que muito de minhas atitudes provocaram decepções. O que nos uniu finalmente foi a tragédia, a dor não tem equívocos.

Edson – eu mesmo – 49 anos

Nunca esperei chegar nesta idade. Quarenta e nove anos é uma encruzilhada de números, é múltiplo de 7. Quando jovem acreditava em heróis e sua doação de sangue para o bem a comunidade. Na trajetória do herói, o herói que fica velho entra na trajetória do sábio.  Não fiquei.

Cecília- mulher -  48 anos

A primeira vez a vi, não me viu, não me percebeu, não éramos do mesmo mundo. Depois nos vimos novamente, não me notou. Tempo se passou, e coisas confluíram para que se encontrássemos. Os signos e os desígnios diziam não. Mas a existência estava grávida de nossa união.

Sarah – filha – 28 anos

Um filho é o passaporte para a nossa ancestralidade. Um filho quer dizer que desde a primeira bactéria que resolveu ter cromossomos, há uma linhagem direta até nós.


André – neto - 6 anos

Liga o computador sozinho, e joga.





19/08/2011
exercício de criação 19

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não leve os posts deste blog muito a sério. São questões muito pessoais. Primo pela urbanidade e cordialidade, os que virem com educação sejam bem vindos.