A Paz Desejada - Castelo Hanssen
Eu quero a paz, mas não a paz dos brejos,
Do sangue coagulado.
Não quero a paz dos cemitérios.
Do homem humilhado.
Não quero paz do “Sim Sinhô”.
Não quero a paz da cidade bombardeada.
A paz dos escombros.
A paz dos derrotados.
A paz do Nada.
Não quero a paz sob o tacão de botas
De ditadura onipotente.
A paz dos que calam e consentem
Com medo de falar.
Só quer a paz, só aceitarei a paz
Quando vier, sorrindo, de mãos dadas
Com os homens que lutam e trabalham.
Só quero a paz quando sorrir nos campos
E os campos pertencerem aos seus filhos.
Só quero a paz quando ela andar nos trilhos
Acompanhando jovens namorados.
Só aceito a paz quando cantar no apito,
Da fábrica, livre, nas mãos dos operários.
Quando não houver mais medo, frio ou fome.
E não houver mais ricos salafrários.
Só quero a paz depois de ganha a guerra,
Onde as armas são luz, amor, verdade.
Só aceito a paz, irmã meiga do povo,
Da justiça, do amor, da fraternidade.
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in “Canção pro Sol Voltar “ 1983, Edições Mariposa, Mauá, SP,
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