sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Exercício de criação 28





Seu Antonio.


Sentava-me paciente na sala para ouvir meu avô contar suas histórias. Tomávamos café e em minha mente construía mundos fantásticos. Fiz isto quase todos os dias por muitos anos.

Com o tempo minhas visitas foram escasseando. As histórias foram ganhando intervalos, até que começaram os silêncios.

Cismei que ia morrer, meu avô. Levei meu neto para que visse seu tataraneto. Demorou para entender o que aquilo significava. Mas contou nos dedos as cinco gerações que foram fixadas em uma foto. Cinco gerações juntas.

Via nos olhos de meu avô, uma alma que se afundava cada vez mais no ocaso. Balbuciava palavras no vêneto de sua infância.

Sentava-me na sala, para ouvir os silêncios de meu avô, até que não consegui mais ir. Quando se foi, eu não estava lá.

Um dia sentei na sala vazia. Permaneci ali por algum tempo em silêncio. Nunca mais visitei aquele lugar.

Não havia mais histórias para serem contadas.




Exercício de criação 28



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