segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Paternidade.







Sou meio danado com estas efemérides, tem tanto apelo comercial e mercadológico, que dá até raiva.

Esse negócio de pai é muito complicado, sempre tive uma relação conturbada com meu velho, e apesar de eu ser um puta fracassado e que não fiz nada do que ele quis ou planejou para mim, o velho tem um baita orgulho do filho poeta, que tem livro publicado, recebeu prêmios, todas estas coisas, apesar dele não fazer a menor ideia do que seja ou signifique bem isto. (Nem mesmo eu sei).

O certo é que quando temos os nossos próprios filhos, a coisa muda de figura, passamos a encarar a realidade de uma forma diferente, temos que crescer na marra, e a maturidade não vem com manual de instruções. Muitas vezes erramos na dose ou de disciplina ou de condescendência. Muitas vezes permanecemos em silêncio, quando uma palavra é esperada. Muitas vezes falamos, quanto o que se esperava era um ouvinte. E graças aos deuses todos que erramos, e sempre temos a possibilidade de reconsiderar, e recomeçar, e conversar.

Sou muito mais amigo de minha filha que deveria ser. Às vezes penso que deveria ter sido mais pai.

O certo que fui compreender a paternidade no dia em que nasceu meu neto, então caminhei na trilha da ancestralidade, e um arrepio na espinha me fez ter entendimento, como se passassem por mim todas as almas que carregamos desde o grande início em algum ponto do tempo.

Um neto faz resinificar ser pai, e para meu pai um bisneto foi um momento que significou sua existência, nunca ficamos tão próximos, nem mesmo na tragédia que um dia se abalou sobre nos.

A paternidade nos coloca definitivamente no ciclo da ancestralidade, passamos a ser responsáveis pela nossa linhagem que vem desde tempos idos e sem interrupção.

Diante da ancestralidade a morte não significa nada.

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