O que fazem os
poetas? Como criam?
(enquete Cláudio
Willer)
Pergunta complicada de se
responder, assim, tenho que parar para pensar.
O poema surge de muitas formas,
algo que me instigue, um desafio, uma frase ouvida de soslaio, um exercício
proposto por amigos, uma conversa na Internet. Mas, via de regra, o poema vem
em um insight, uma frase soa dentro de minha cabeça, algo como um sussurro, que
deve ser imediatamente anotada, caso contrário vai embora do mesmo jeito que
surgiu; por vezes acontece o encadeamento de versos assim que a frase é
anotada, vão se desfiando palavras e mais palavras, anoto tudo da maneira como
vem, sem preocupação estética ou de
correção ortográfica. Este material é devidamente guardado, em caderninhos,
bilhetes enfiados nos bolsos, folhas soltas, esquecidos na mesa de trabalho.
Há poemas, raros, em que nada deste processo é usado, alguns
nasceram prontos, em geral hai-kais, e outros mesmo sem terem sido anotados,
permaneceram no grito original, nunca
esquecidos.
Em um segundo momento este material é digitado, o que pode acontecer imediatamente depois da escrita, ou dias depois, ou meses depois. A primeira ação a ser realizada é a correção ortográfica e gramatical do texto, neste momento outras palavras e frases podem ser agregadas, ou apagadas seqüencias inteiras. Em outro momento, verifica-se o ritmo do texto, o uso de quebras dos períodos, a aglutinação em versos. Muitas vezes o primeiro texto desaparece sob as correções e alterações, surge um novo. Já aconteceu do material de sobra, assim por se dizer, gerar um novo poema. Outras vezes, dois poemas se aglutinarem em um só.
Isto pode se repetir muitas
vezes, até que chega o momento de parar, em um determinado momento dá-se por
pronto (ou não, o texto é meio que vivo e orgânico).
A forma final do poema se dá a partir da leitura em voz alta. Como uma
espécie de processo de afinação das palavras e sons.
O terceiro momento é passar o poema para primeiros leitores, que ajudam a apontar incoerências e erros que porventura possam ter passado desapercebidos.
Edson Bueno de Camargo
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